A Saga de Bento Mendes

BENTO MENDES

Bento Mendes nasceu em Penalva na Baixada Maranhense, em 21 de março de 1906 e faleceu aos 78 anos, dia 30 de janeiro de 1985. Aos seis anos de idade ficou órfão de pai, o que obviamente lhe trouxe mais cedo a coragem de enfrentar os desafios da vida ao lado da sua mãe. Bento era casado desde 1928 com Petronilha Machado , com a qual teve dez filhos. Sua primeira investida no ramo de negócios, foi colocar uma barraca no povoado Capivari, financiada com a ajuda de Fábio Balby. Em 1939 dotado de uma impressionante vocação empresarial, já negociava babaçu com firmas de Sao Luís. Foi o pioneiro a introduzir em Penalva vitrola, caixa registradora, petromax e máquina de escrever. Na década de 1940, instalou a fábrica de beneficiamento de arroz de nome suçuarana. Quando ainda em Penalva, seus bens recebiam o nome de animais: O caminhão, era chamado Canguçu; a loja de tecidos Casa Onça; o avião Tigre; um potro (filho de cavalo) era chamado de Saracura. Deixou sua terra natal em 1947 no intuito de instalar na capital do estado uma empresa de exportação – oleaginosas – para o Sul do país e exterior ( Estados Unidos). Na sacaria da firma exportado constava a logomarca  “Bento Mendes S/A – Penalva- Maranhão Brazil.”

Prédio do Bento Mendes em frente ao rio Cajari serviu para exportação de babaçu via fluvial para São Luís -MA.

Em 1951 comprou um Avião em São Paulo e montou uma empresa de táxi aéreo para o interior do estado, batizado pelo Padre Manuel Arouche. Em 1953, já empresário bem sucedido de muito prestígio, montou uma indústria de extração de óleo vegetal, sem jamais negar a sua origem de penalvense. Em 1953, escreveu o livro autobiográfico “Terra Queimada” , o qual rendeu um belo samba do Dr. Raimundo Balby, que faz parte da coletânea do carnaval penalvense intitulado -Terra Queimada” , um dos mais belos compostos pelo autor.

Um de seus filhos, Jorge Mendes herdou a vocação do pai, foi presidente da FIEMA( Federação das Indústrias do Estado do Maranhão), além de outros empreendimentos. O neto Roberto Mendes, foi prefeito eleito de Penalva para o quadriênio 1993/1996, homem popular, amigo, em sua gestão fez o calçamento das ruas João Borges e 2 de novembro, construção do Colégio Wilson Marques na Piçarreira, Colégio Padre João Batista Costa no Povoado Ricoa, energizou os povoados Ludovico, Descanso, Sossego e Ricoa. Incentivado pelo Pe. Cordeiro do qual era próximo, conseguiu o colégio do ensino médio que até então, em Penalva não tinha, mas assim que Roberto Mendes deixou o mandato, a infame política doméstica entrou em ação e o nome do homenageado “Bento Mendes” ‘ foi retirada num total desrespeito à  memória do maior empresário que Penalva já teve de todos os tempos. Durante  mandato de Roberto Mendes, em 1994 a seleção penalvense de futebol sagrou-se vice-campeã pela segunda vez do torneio Intermunicipal e, só não foi campeã, em virtude de uma manobra tramada pelos dirigentes da equipe rival com a conivência da FMD quando  adiou o jogo que seria à tarde para à noite, pois, sabiam que os nossos jogadores não estavam adaptados para jogos nesse horário, foi o que aconteceu quando perdemos para Rosário pelo placar de 3 a 1, no Estádio Nhozinho Santos, cuja equipe contou com jogadores da capital que já tinham tido passagem pelos  principais clubes do futebol maranhense; já a primeira vez foi  em 1972 na administração de Wilson Marques, perdemos para Pedreiras de igual resultado de 3 a 1, também no mesmo estádio.

“Um quarto livro, Terra Caída, prometido para após uma viagem a Rússia, onde Bento Mendes pretendia conhecer o comunismo, o qual dizia ter horror, o escritor ficou nos devendo. O bem sucedido homem, cristão, pai de nove filhos, partiu aos 78 anos, bem vividos e em paz consigo mesmo, nos devendo essa promessa. Nunca foi encontrado o seu original…”

Na década de 1960, montou uma fábrica  de arroz em Pindaré-Mirim. Em 1964, adquiriu a Indústria Gandra, de sabão e velas, e criou a Construtura Mendes, e o Agro Mendes, voltado para a agricultura. Em 1951, como exportador de óleo para o mercado internacional, foi convidado por americanos a visitar os Estados Unidos. Ao regressar,escreveu o livro Um Sertanejo em New York, com suas impressões sobre a viagem.


Armazém dee Bento Mendes, tela do artista penalvense Amarildo Serejo

Bento,  apesar do patrimônio que ele conquistou, foi um homem de coração humilde e fiel as suas origens:

“Hoje,  21 de março de 1952, dia do meu aniversário,estou com 47 anos.Já me sinto velho, porém muito feliz. Não por ter dinheiro, e sim por ter saúde, paz e harmonia no meu lar e bem assim em toda minha família.
Se viver até 1955, entregarei meus negócios a meu filho e a meu sobrinho. Pegarei meu avião para viajar. Não para as cidades e sim para os sertões, para ter recordações dos dias felizes da minha juventude que lá passei. Devo rever os campos, sentir o silêncio da mata. Quero visitar um roçado novo, para aspirar o aroma que me atrai. Esse é o cheiro da terra queimada.”

Bento Mendes.

 

Fontes: Notas e Fragmentos Históricos

Raimundo Baby.

Luís Fernando Baima – Jornalista

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